segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Suspeito de quebrar sigilo de Kassab afirma que prefeito pediu o serviço


O suspeito de ser um dos líderes de uma quadrilha que quebrou e comercializou dados sigilosos de juízes, políticos e empresários disse a seus advogados que violou o sigilo telefônico de Gilberto Kassab (PSD) a pedido do próprio prefeito de São Paulo.
De acordo com Itamar Ferreira Damião, que é vice-prefeito eleito de Nazaré Paulista (SP), Kassab queria a realização de uma "varredura de escuta clandestina" na própria linha e repassou a ele uma conta de seu telefone, o que o prefeito nega.
Preso preventivamente desde o dia 26, Damião redigiu na semana retrasada uma carta aos seus defensores, Ladisael Bernardo e Roberta Dacorso, na qual relatou: "Sobre os telefones do Kassab, esclareço que se trata de varredura de escuta clandestina, tenho um amigo que faz isto para mim".
Gabo Morales-27.jul.12/Folhapress
Prefeitura Gilberto Kassab em seu gabinete na Prefeitura
Prefeitura Gilberto Kassab em seu gabinete na Prefeitura
Deflagrada em novembro, a Operação Durkheim, da Polícia Federal (a investigação, cujo nome faz alusão à obra "O Suicídio", de Émile Durkheim, teve início após delação de um policial que teria se suicidado), prendeu 33 pessoas suspeitas, entre outras coisas, de integrar esquema de quebra de sigilo.
Segundo seus advogados, Damião não deu detalhes sobre como o suposto serviço foi encomendado e realizado.
"Todas as questões serão esclarecidas no interrogatório do Itamar a ser feito judicialmente. O prefeito estava desconfiado que o telefone dele estava grampeado e aí quis ter certeza se estava ou não", disse Bernardo.
INVESTIGAÇÃO
Um dos relatórios da Durkheim indica que em 7 de agosto, em pleno período de campanha eleitoral, Damião e outro investigado "violaram o direito constitucional à privacidade do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab" e naquele dia "trocaram e-mails que continham os extratos telefônicos do prefeito".
Em um dos e-mails está a conta de um telefone de Kassab, com a relação de ligações entre os dias 7 de maio a 15 de junho deste ano.
Segundo a PF, em outra mensagem eletrônica o interlocutor de Itamar relata receio por se tratar do prefeito de São Paulo.
"Esses extratos que foi enviado [sic] o contato não quer fazer pois é muito perigoso por se tratar de quem é pois são monitorados. Ele tirou mas cobrou caro e informou que não vai fazer mais", escreveu o autor do e-mail.
Damião também foi acusado pela PF de envolvimento na quebra do sigilo fiscal do desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Luiz Fernando Salles Rossi.
OUTRO LADO
Kassab negou "com veemência" ter permitido acesso à sua conta telefônica ou ter encomendado varredura em sua linha.
Segundo seu advogado, Pierpaolo Bottini, a prefeitura dispõe de um serviço oficial especializado que monitora regularmente a segurança dos equipamentos de comunicação. O advogado disse ainda que o prefeito reiterou elogios à PF sobre as investigações da Durkheim.FORTE.folha.uol

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