segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Caos na Polícia Civil: Servidores afirmam que estão pagando para trabalhar


A situação atual da Polícia Civil do Acre está realmente precária, apesar de ninguém falar abertamente, temendo represálias, circula, em tom jocoso, nos corredores das delegacias que “na PC tá tudo as mil maravilhas".
Além da agitada rotina de trabalho, os competentes policiais têm que conviverem diariamente com a falta de combustível para os veículos, e até mesmo água mineral e copos descartáveis. Por conta disso, pelo menos oito viaturas foram recolhidas ao pátio da Direção Geral da Polícia Civil, desguarnecendo as equipes policiais e atravancando os trabalhos investigativos.
Na Divisão de Investigação Criminal – DIC, no Bairro Estação Experimental, plantonistas foram obrigados a realizar uma famosa “vaquinha” para comprar um galão de 20 litros de água, caso contrário o final de semana seria a seco.
Caso não muito diferente foi flagrado na Delegacia Especializada em Atendimento a Mulher – DEAM, quando os policiais se dispuseram a comprar copos descartáveis, papel higiênico e até pó de café.
“A situação está ficando insustentável, estamos pagando para trabalhar”, comentou um policial civil no início da semana em uma das delegacias regionais da cidade.
Mês passado circulou nas redes sociais a foto de um policial abastecendo uma viatura com dinheiro do próprio bolso.
E a situação calamitosa não é somente em Rio Branco. De Sena Madureira veio à informação de que a Delegacia Geral do município recebe mensalmente a quantia de 300 litros de combustível para abastecer as duas viaturas, o que perfaz a quantidade de cinco litros por carro, diariamente.
Por conta da escassez de combustível, as intimações da delegacia de Sena Madureira estavam sendo feitas via rádio.
Na época, o fato também foi denunciado pelo Sindicato dos Policias Civis do Acre – Sinpol, evidenciando que a situação no interior do Estado é bem pior.
Em entrevista, o secretário da Polícia Civil, Emylson Farias negou que houvesse racionamento de combustível e disse desconhecer a falta de material de expediente, bem como a falta de copos descartáveis e água mineral. Na ocasião, dia 20 de novembro, o secretário disse que não havia racionamento de combustível para as viaturas. De acordo com Farias, a instituição estaria realizando apenas um “realinhamento”.
Ele acrescentou que a medida, de cunho administrativo, era para que o combustível fosse usado apenas para atender as necessidades da Polícia Civil.
“Não é um racionamento, é sim um reequilíbrio, um realinhamento, uma medida administrativa para que o combustível seja usado para atender as unidades policiais. A cota foi disponibilizada em todas as unidades. Caso haja necessidade de um abastecimento extra, é só justificar; nenhuma delegacia vai ficar sem combustível para atender suas demandas”, disse o secretário na época das denuncias.
Mas o que se pode observar no decorrer dos meses nas delegacias é contrario as afirmações do chefe de polícia. Para se ter um exemplo, na DIC, divisão da Polícia Civil onde estão duas das mais importantes e estratégicas delegacias do Estado, a DRE e a Delegacia Antiassalto, no mês de novembro foram enviadas as unidades cinco resmas de papel A4 para atender quatro cartórios, quatro gabinetes de delegados, duas salas de investigações e uma sala de análise criminal.
As duas especializadas tiveram que “encostar” pelo menos duas viaturas cada, por conta do racionamento de combustível. Durante as duas últimas semanas várias reuniões foram realizadas na sede da PC de onde foram deliberados alguns “ajustes”, comenta-se que daqui alguns dias, cada unidade policial vai contar apenas com uma impressora.
Em frente à DEAM encontra-se parado um Gol branco descaracterizado, usado para serviços de investigação da unidade, segundo informações o carro está parado a mais de uma semana por falta de combustível e por conta de um pequeno problema mecânico.
A situação é realmente crítica, afirma um servidor. “Tem fornecedores que estão com até cinco meses sem receber. Existem casos de fornecedores que estavam com três meses de pagamento atrasado e a Secretaria cancelou o contrato, aderindo ou fazendo outro pregão. O problema é que estes novos fornecedores já estão novamente com três meses de pagamento atrasado, além daqueles que ficaram sem receber”, revela um servidor que preferiu ter seu nome protegido.
  
Willamis França para a Redação do Acrealerta.com.

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