sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Edir Macedo é o pastor mais rico com fortuna de 950 milhões

A religião sempre foi um negócio lucrativo. E, se você for um pastor brasileiro, a chance de chegar à mina de ouro são grandes atualmente. Mesmo que o Brasil ainda seja o maior país católico do mundo, com cerca de 123,3 milhões de adeptos, o último censo mostra queda na porcentagem, que hoje é de 64,6%, comparado aos 92% de 1970.

Enquanto isso, o número de protestantes subiu de 15,4% para 22,2%, ou 42,3 milhões de pessoas. É possível que essa tendência de queda do catolicismo seja contínua e que, em 2030, menos de 50% da população brasileira siga o Vaticano.

Mas por que os evangélicos estão ganhando a cena religiosa no Brasil? Uma das qualidades mais marcantes é que o progresso material vêm sobre a influência de Deus, enquanto o catolicismo ainda prega um olhar conservador sobre a vida após a morte em vez de pregações, especialmente neopentecostais, de que é certo ser próspero. Essa doutrina, conhecida como “teologia da prosperidade”, é a fundação de uma das igrejas evangélicas mais populares no país.
O valor do progresso material em parte das igrejas evangélicas é explícito e ativamente promovido. Aline Barros, ganhadora do Grammy que se tornou pastora e tem mais de 900.000 seguidores no Twitter, afirma: “O que você fez para o Reino de Deus? O que você produziu para Deus? Se você está vivo, tem o ar da vida – produza!”.
Parece funcionar. O Brasil vive um crescimento econômico nos últimos anos. O sucesso da economia não tirou milhões de brasileiros da pobreza, mas elevou as expectativas da classe C. Como estima-se que os muito ricos e os muito pobres permaneceram católicos, a maioria dos protestantes está nessa classe e encontraram na religião um modo de ser grato por seu dinheiro, como uma desculpa para curtir o seu novo patamar na sociedade sem se sentir culpado.
Em outras palavras, eles estão dispostos a dar de volta para a igreja. Isso tornou algumas religiões em um negócio altamente lucrativo e alguns de seus líderes multimilionários. É a chamada “indústria da fé”.
Veja o Bispo Edir Macedo, por exemplo. O fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que tem templos até em outros países, é de longe o pastor mais rico do país, com uma renda estimada* em US$ 950 milhões. O bispo está constantemente envolvido em polêmicas, geralmente por acusações de que sua organização sugou bilhões de reais de doações que deveriam ir para a caridade. Há também denúncias oficiais de fraudes e lavagem de dinheiro. Ainda sim, Macedo pretende liderar seus seguidores por muitos anos.
Um dos pais da Teologia da Prosperidade moderna, o bispo da Universal passou onze dias na cadeia em 1992 graças a acusações de charlatanismo. Macedo negou tudo no Brasil, mas continua a ser investigado nos Estados Unidos e na Venezuela.
Como escritor, ele tem mais de 10 milhões de livros vendidos, alguns deles muitos críticos à Igreja Católica e a religiões afrodescendentes. Seu maior passo foi dado no final dos anos 80, quando comprou a Rede Record. Suas outras propriedades incluem o jornal “Folha Universal”, empresas de música, propriedades e um jatinho particular Bombardier Global Express XRS, de US$ 45 milhões. A assessoria de Macedo afirmou que ele não comentaria o assunto.
Seguidor dos passos de Macedo, Valdemiro Santiago é um ex-bispo da Igreja Universal, expulso da instituição após desentendimentos com o chefe. Foi o bastante para ele fundar a sua própria igreja, a Mundial do Poder de Deus, que tem mais de 900.000 fies e 4.000 templos, muitos dos quais com a sua imagem nas paredes. Ele foi destaque na imprensa no ano passado quando comprou um jatinho igual ao do ex-mestre. Diversas revistas brasileiras estimam que a sua renda chegue a US$ 220 milhões. Ligações e e-mails para a igreja não foram respondidos.
Em terceiro lugar, está o líder da Assembleia de Deus, maior igreja Pentecostal do Brasil, Silas Malafaia. O mais desbocado do ranking, o pastor se envolve em polêmicas constantes com a comunidade homossexual, da qual ele orgulhosamente se intitula o maior inimigo. Entusiasta da lei que considera homossexualismo uma doença, Malafaia é uma figura presente no Twitter, com mais de 440.000 seguidores. Em 2011, o pastor – que tem uma renda estimada em US$ 150 milhões – lançou a campanha Clube de 1 Milhão de Almas, que pretende levantar R$ 1 bilhão para a sua igreja com intuito de criar uma rede de televisão global que possa ser transmitida em 137 países. Os interessados podem doar valores que começam em R$ 1.000 e podem ser pagos em parcelas. Em troca, ganham um livro.
Possivelmente o mais ativo na mídia no Brasil, R.R. Soares é o fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus. Também ex-pastor da IURD e cunhado de Macedo, o missionário é considerado o mais humilde entre eles. Seu jatinho privado, um King Air 350, custa apenas US$ 5 milhões. A sua fortuna é estimada, também por diversas publicações, em US$ 125 milhões. Seus representantes não responderam às ligações ou e-mails da reportagem.
O casal fundador da Igreja Renascer em Cristo, o apóstolo Estevam Hernandes Filho e a bispa Sônia, têm mais de 1.000 templos no Brasil e até alguns na Flórida. Com uma fortuna estimada em US$ 65 milhões por diversas revistas brasileiras, o casal chamou a atenção do mundo quando foi preso em Miami, acusado em carregar mais de US$ 56 mil não declarados. Parte desse dinheiro estava escondido dentro de bíblias, segundo agentes norte-americanos que os barraram no aeroporto. Eles voltaram para o Brasil um ano depois, mas continuam com uma série de processos por diferentes crimes, como a queda do teto de um de seus templos que matou nove pessoas.
As prisões por fraudes fizeram barulho. Em dezembro de 2010, o jogador Kaká, então amigo do casal Hernandes e membro da igreja, largou a instituição, alegando o mal uso do dinheiro pelos donos. O jogador já havia doado R$ 2 milhões na época que era o seu membro mais famoso. Os representantes de Hernandes também não responderam à ligações ou e-mails da reportagem.
Tornar-se um pastor evangélico no Brasil é o sonho de muitos jovens. Ao contrário das igrejas protestantes mais tradicionais no país, que requerem que seus pastores tenham algum diploma, as neopentecostais, como a IURD, promovem cursos intensivos para criar pastores por R$ 700 por alguns dias de aula. Mas virar pastor não é apenas uma questão de dinheiro (Malafaia paga até R$ 22.000 para os seus pastores mais bensucedidos, segundo a revista “Veja São Paulo”), é também sobre poder.
Muitos dos pastores brasileiros ganharam passaportes diplomáticos nos últimos anos, especialmente os que lideram grandes igrejas. Eles também são cortejados por políticos e têm isenção de impostos, o que pode trazer um futuro muito conveniente.
Como diz a Bíblia, a fé move montanhas. E o dinheiro também.
*A estimativa das fortunas vieram de números apresentados pelo Ministério Público brasileiro e pela Polícia Federal, assim como a estimativa dos bens privados de cada pastor, publicados pela mídia brasileira, incluindo as revistas “Veja”, “IstoÉ”, “IstoÉ Dinheiro” e “Exame”, e os jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo” e “O Estado de S.Paulo”

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