Ray Melo, da redação de ac24horas
raymelo.ac@gmail.com
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As investigações realizadas pela Polícia Federal durante a Operação G7 – que comprovou a formação de um cartel da construção civil do Acre, com a participação das empresas Engecal, Eleacre e Albuquerque revelou que as empreiteiras pretendiam lucrar R$ 600 mil – apenas com a diminuição de meio metro quadrado nas casas da Cidade do Povo. É o que revelam documentos obtidos pelo repórter Salomão Matos, publicados com exclusividade por ac24horas.
Nas interceptações telefônicas realizadas pela PF, Vladmir Câmara Thomas (Engecal) conversa com João Braga (empresa Albuquerque) e faz a revelação da irregularidade que levaria lucro às empresas que se habilitaram para trabalhar no programa do Governo do Acre, que promete construir mais de 10 mil casas com recursos do Governo Federal, na Cidade do Povo.
Vladimir Câmara afirma ter conversado com engenheiros sobre a diminuição e readequação do projeto das unidades habitacionais, para ampliar a margem de lucro das empresas. “Essa diferença que a gente baixou de mil metros quadrados aí na casa são seiscentos mil reais, setecentos mil reais que a gente tá falando de aumento de lucro pra gente”, diz Vladmir.
Em outro trecho da conversa, Vladmir fala da organização do orçamento pelas três empresas. “O Manoel e eu não podemos fazer isso, porque não é só a Elelacre. É a Elelacre, Engecal e Albuquerque. Tem que ser um orçamento real. Depois, quando a gente apresentar o orçamento das coisas, o João Albuquerque vai quere matar a gente numa mesa”.
Os diálogos entre os representantes das empresas que se credenciaram para lotes de obras da Cidade do Povo seria uma comprovação que as empreiteiras estariam manipulando os projetos e reduzindo as áreas construídas para obter uma maior margem de lucros, já que as casas seriam entregues pelo Governo do Acre com dimensões reduzidas.
Os empreiteiros revelam ainda, em uma conversa com uma engenheira, que todas as empresas tiveram que mudar o projeto original. “É impossível o cara notar todos os cortes, todos os detalhamentos de uma casa que foi mudada por completo, porque eu sei que todo mundo teve que mudar a casa”, revela Vladmir Câmara.
A redução sugerida é de meio metro quadrado, mas o empreiteiro chegou a questionar a engenheira sobre a diminuição de dois metros cúbicos no orçamento. “Uma diferença de dois metros cúbicos em relação ao projeto da casa, a Caixa vai taxar, o engenheiro da Caixa vai pagar? Ele não vai encontrar esta diferençazinha de incompatibilidade entre o projeto executivo e o projeto feito nas coxas, ele vai pagar isso?”, questiona Vladmir.
Em resposta, a engenheira disse que não poderia garantir.
O diálogo prossegue entre Vladimir Câmara e João Braga, que falam sobre uma viagem e irregularidades cometidas por outras empresas, em obras entregues ao Governo do Acre.
Foi baseada nas robustas provas apresentada pela Polícia Federal que a desembargadora Denise Bomfim concedeu mandados de buscas e apreensões para 34 e mandados de prisões para 15 envolvidos em direcionamento de licitações públicas no Acre.
Veja a lista dos presos
Carlos Sasai – Empresário, presidente da Federação das Industrias do Estado do Acre
João Francisco Salomão – Empresário, ex-presidente da Federação das Industrias do Estado do Acre
Carlos Afonso Cipriano – Empresário da Construção Civil
Assurbanipal Mesquita – Diretor de Desenvolvimento Urbano da prefeitura de Rio Branco
Jose Adriano – Empresário, proprietário da Mav Construções
Marcelo Chance de Nees – Servidor público
Sergio Nakamura – Ex-diretor do Deracre e empresário da construção Civil
Vladimir Câmara Thomas – Empresário da construção civil
Gildo Cesar Rocha – Diretor do Depasa, amigo pessoa do governador Sebastião Viana
Wolvenar Camargo – Secretário de Obras do Estado
Aurélio Cruz – Ex-secretário de Habitação do Acre
João Braga filho
Narciso Mendes Filho – Empresário da construção civil
Tshuyoshi Murata – Empresário da Construção civil
Thiago Paiva – Diretor de Analise Clínicas da Secretaria Estadual de Saúde
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