Wallace Abreu - jornalismo@portalamazonia.com
MANAUS – Um projeto desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) monitora a presença de diferentes espécies de mamíferos terrestres na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Entre os resultados do estudo, os pesquisadores comemoram flagrantes de onças na Reserva Florestal Adolpho Ducke – uma área de preservação ambiental localizada próximo ao perímetro urbano da capital. Segundo eles, este é um indicador que os efeitos do crescimento da cidade afetou, mas pouco, a dinâmica desses animais no seu habitat.
O projeto Tropical Ecology Assessment and Monitoring Network (TEAM), inicialmente, tinha o objetivo de avaliar os efeitos das mudanças climáticas e variações diversas da Amazônia, principalmente nos estados do Pará e Amazonas. Hoje, a pesquisa monitora a presença das espécies a longo prazo, para saber como elas estão se comportando diante das mudanças climáticas, da caça predatória, dentre tantos outros fatores externos que estão expostos.
Segundo o coordenador geral do projeto em Manaus, Wilson Roberto Spironello, que também é pesquisador da coordenação de biodiversidade do Inpa, há dois anos o projeto iniciou uma nova etapa nas análises, que poderá apresentar resultados mais concretos.
Desde 2010, a presença da análise destas espécies vem sendo feitas por meio de armadilhas fotográficas, estruturadas com câmeras Reconyx, modelo RM45 RapidFire exclusivas para esse tipo de pesquisa. “São 90 estações de monitoramento, espalhadas em três diferentes pontos da floresta amazônica”, destacou Spironello.
As espécies estão sendo registradas como raras, comuns e abundantes, dependendo da quantidade de vezes que são registradas pelas armadilhas fotográficas, durante o período em que os equipamentos ficam na mata. “As armadilhas permanecem 30 dias nos pontos. Dependendo da quantidade de vezes que o animal é fotografado, futuramente poderemos, além de registrar a presença de determinada espécie, saber se naquela região ela está aumentando ou diminuindo”, explicou o pesquisador.
Hoje o monitoramento é feito exclusivamente por meio de câmeras. Não é a tecnologia mais moderna, porém contribui para a obtenção de resultados mais reais. “Quando o pesquisador vai para o meio da mata, muitos indivíduos de diferentes espécies fogem da presença humana, e isso interfere bastante na hora de aferir os resultados”, disse Spironello.
A onça é o maior felino do continente americano, chegando a pesar 150 quilos e dois metros e meio de comprimento (contando com a cauda). A pele do animal ainda é objeto de muita caça e procura. Na Europa e nos Estados Unidos, o seu alto preço é um estímulo para que a contravenção continue, levando ao declínio da espécie.
Felinos na Amazônia
Ainda não é possível calcular o número de onças na Amazônia, porém o pesquisador afirma que as cinco espécies estão presentes nas áreas que já foram analisadas. “Nessa etapa ainda não dá pra precisar o número de indivíduos de cada espécie, porém daqui a alguns anos, com vários registros já realizados poderemos também fazer esta análise”, explicou Spironello.
Para o pesquisador, a onça é um bom indicador da qualidade do meio ambiente. Ele explica que quando as onças começarem a sumir destas áreas, é hora de começar a pensar em ações de conservação para estes ambientes. Segundo os pesquisadores do projeto, onde as onças estão presentes, certamente há grandes populações de outras espécies que tem a onça com sua principal predadora. “O mesmo acontece com o grande registro de outras espécies. Ali, certamente encontraremos uma população razoável de onças”, argumentou.
O projeto TEAM está presente em 18 países, na África, Ásia e América do Sul. Dessa maneira os pesquisadores conseguem estimar essas populações e saber se tem fatores locais influenciando positiva ou negativamente de alguma forma sob as populações das espécies.
Adolpho Ducke
“Uma área que achávamos que já estaria bastante alterada por conta da proximidade com a área urbana da capital amazonense é a reserva Adolpho Ducke. É uma grata surpresa o registro de várias espécies de mamíferos terrestres da Amazônia neste local”, disse o pesquisador André Luís Souza Gonçalves.
Segundo Gonçalves, os impactos encontrados na Ducke tem sido bem menores que os esperados. “Se esses impactos existem, ainda não são tão visíveis”, concluiu
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