sexta-feira, 7 de março de 2014

Uma adolescente de 16 anos acusa três policiais militares do município de Tarauacá,de agressão

Jovem diz ter sido agredida com cassetete  (Foto: Francinéia Melo/ Arquivo pessoal)

Uma adolescente de 16 anos acusa três policiais militares do município de Tarauacá, distante 400 km da capital acreana, de agressão durante a terceira noite de Carnaval no município. O fato aconteceu na madrugada de terça-feira (4) quando os policiais encaminharam a jovem para a delegacia.

A jovem conta que estava na praça do Centro da cidade quando uma outra menina chegou proferindo insultos. Após o desentendimento, as duas adolescentes iniciaram uma briga que, segundo a adolescente, foi rapidamente apaziguada por amigos que estavam no local. No entanto, os policiais que passaram pelo local abordaram a garota, enquanto a outra foi embora.
 "Foi uma briga entre adolescentes. A menina saiu e três policiais se aproximaram de mim. Enquanto um pegava a viatura, outros dois me espancavam e xingavam", lembra.
Diante das agressões, ela diz que enfrentou os PMs. Hematomas na cintura, cabeça, ombros e barriga ficaram no corpo da adolescente. Ela relata que recebeu chutes, puxões de cabelo e pancadas com cassetetes. Segundo ela, antes de chegar à delegacia, jogaram spray de pimenta em seu rosto. 
"Quando a gente estava chegando na delegacia, um olhou para o outro e falou: 'ela não vai chorar?' E jogaram o spray no meu rosto. Comecei a chorar sem conseguir parar, não conseguia enxergar nada. Desde o dia da briga não consegui pentear meus cabelos porque sinto muita dor na cabeça, me arrastaram pelos cabelos. Me senti um animal", desabafa.
Ela afirma ainda que só não foi colocada em uma cela porque estava lotada. "Quando chegaram na delegacia ficaram calmos, mas riam da minha cara. Só não fui para cela porque estava lotada. Fiquei no chão da delegacia", relembra.
A adolescente admite ter ingerido bebida alcoólica, mas garante que estava consciente no momento da agressão. "Eu não vou negar, devo ter bebido duas latas de cerveja, mas estava consciente quando tudo aconteceu", diz.
Na terça-feira (4) pela manhã, a mãe da adolescente foi buscá-la na delegacia. A dona de casa Francineia Melo conta que ficou perplexa com estado da sua filha. "Ela estava toda machucada, intocável, machucados por todo o corpo", relata.
Após sair da delegacia, ela levou o caso ao comandante da Polícia Militar, Luiz Gonzaga, que, segundo ela, compartilhou de sua perplexidade. "Fiz a denúncia porque hoje foi minha filha, mas amanhã é o filho de outras pessoas. Nada que ela fizesse daria espaço para fazerem isso com ela", desabafa.
A mãe está revoltada com ação da polícia e questiona a postura dos agentes. "A cidade está cheia de criminosos e a polícia, por medo, não faz nada e resolvem bater em uma menor. Se não fizerem algo, onde isso vai parar?".
Sobre a filha ser menor de idade e estar no Carnaval pela madrugada, Francineia diz que é difícil fazer com que os jovens fiquem em casa durante essas festas e afirma que nunca teve problemas com a Justiça. "Tenho três filhos e nunca tive que ir para porta de delegacia, nem sabia quem era o delegado dessa cidade, pra chegar lá e ver minha filha naquele estado", lamenta.
A dona de casa disse que procurou o Ministério Público da cidade, mas foi informada que só poderia acionar a investigação após a Polícia Civil finalizar os relatórios com todas as provas e oitivas dos envolvidos.
Corregedoria da PM apura denúncia
Procurado pelo G1o comandante da Polícia Militar do município, Luiz Gonzaga, informou que os PMs envolvidos no caso já foram ouvidos, negaram as agressões e afirmaram que os ferimentos eram decorrentes da briga entre as adolescentes. 
"Eles negam as agressões, o que podemos fazer é aguardar o resultado das investigações. É uma coisa inacreditável, foi a primeira vez que me deparei com um caso como esse. Não quero fazer juízo de valor, pois precisa ser comprovado a participação dos policiais. Ouvimos os dois lados e se for comprovado queremos deixar claro que não aceitamos este tipo de coisa em nossa instituição", explica.
Os relatórios do caso serão repassados para a Corregedoria da PM em Rio Branco, onde os fatos serão apurados e os policiais, caso a agressão seja confirmada, punidos.
O delegado do município Samuel Mendes, responsável pelo caso, disse que todos os fatos estão sendo apurados também pela Polícia Civil. "Estou ouvindo testemunhas, foi feito corpo delito e a oitiva dos envolvidos. A jovem me contou que teve uma briga com outra adolescente, mas que as agressões foram feitas pelo policiais no caminho para a delegacia", diz.
Jovem diz ter sido agredida com cassetete (Foto: Francinéia Melo/ Arquivo pessoal)
Na manhã desta sexta-feira (7) o delegado ouviu uma testemunha que afirma ter visto o instante em que os policiais arrastaram a jovem da viatura para dentro da delegacia. "Ouvi uma testemunha que diz ter visto o momento em que eles chegaram com a jovem e a arrastam pelo cabelo", afirma.
FONTE.G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário