Uma interrogação inquieta estudiosos e
curiosos: qual o segredo do “Abacaxi Gigante de Tarauacá”, que insiste só nascer
em uma pequena região? A fruta guarda, segundo colonos, cerca de cem anos de
história entre a população do Vale do Tarauacá.
Há mais de 28 anos começou a ser
cultivada em experimentos comerciais - e há mais de 15 tem garantido a
sobrevivência de pelo menos quinze famílias da região do Projeto de Assentamento
Tarauacá, onde abriga a mancha de solo perfeita para a espécie. A região que produzia o ananá, como é
conhecida a fruta popularmente, concentrava-se no Igarapé Preto, não muito
distante do centro da cidade. Ali, o pasto substituiu os cultivos, que se
transferiram para o PA Tarauacá.
Quatro vezes campeão do Festival do
Abacaxi de Tarauacá por produzir a maior fruta, João Ferreira da Silva, o “João
Cobra”, já apareceu em programas nacionais narrando a saga do ananá. Mas, pouca
coisa se sabe. Ao longo
dos últimos 30 anos, ele e o grupo de produtores acabaram desenvolvendo práticas
que melhoraram a produção e mantiveram o tamanho da fruta. Uma das dicas de produção de um bom
ananá é colocar açúcar no “filhote” a ser plantado e potencializar o
sombreamento com pés de mandioca. Nos dois anos que leva para produzir a fruta,
as alas devem ser capinadas pelo menos quinze vezes.
“É uma cultura melindrosa”, conta o
agricultor que assim como vários outros consegue uma renda média de R$ 400 por
mês plantando e vendendo a fruta no mercado de Tarauacá. João possui atualmente
4,5 mil pés, sendo que 1,5 mil estão em franca produção. No total, são cerca de 10 toneladas por
produtor ao ano, em média. Levando-se em conta o número de colonos dedicados à
cultura, a produção atinge perto de 120 toneladas anuais. Os maiores, que chegam
a 18 quilos, são vendidos a preços que variam de R$ 10 a R$ 15. O plantio vai de setembro a dezembro e
a colheita poderá ser feita em 24 meses. Se vai ser abacaxi grande, só a atenção
dispensada à cultura dirá. “Tem de estar na plantação todo dia. Toda hora tem
que estar vendo alguma coisa”, diz João Cobra.
Atualmente, os plantios estão sendo
prejudicados por um pequeno pássaro de cor escura, apelidado de Pierre. A ave
faz buracos na fruta para comê-la, tornando-a inadequada para o
comércio. Com a melhoria
dos ramais e o asfaltamento da BR 364, muita coisa melhorou para os produtores
do PA Tarauacá, especialmente quanto à questão do transporte.
Um bom abacaxi pode produzir doze
litros de suco. “O segredo do Abacaxi Gigante é dar o trato certo e cuidar”, diz
João Cobra. Em outras palavras: “trabalho, trabalho e muito trabalho”,
resume.
(Agência de Notícias do Acre
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