Em resposta à carta aberta do padreMassimo Lombardi, o músico Roberto Oliveira da Silva, de 29 anos, que queimou um exemplar da Bíblia durante sarau na Universidade Federal do Acre (Ufac), disse que tem recebido perseguição e que chegou a perder o emprego. No texto, publicado em sua página pessoal no Facebook, Oliveira afirmou que acabou "se posicionando de forma equivocada, pois o ato se configurou desrespeitoso".
"É certo que, no exercício da minha liberdade de expressão, acabei por ferir o direito à liberdade de outros, agora vejo e compreendo isso. Compreendo que errei. Não no conteúdo da minha crítica, mas na forma. E, por mais que eu possa e tente me explicar, sinto não poder aplacar a fúria e o julgamento também extremado daqueles que se posicionam contra meu ato, contra minha pessoa. Estou sendo perseguido, afrontado e constantemente atacado por pessoa que se dizem cristãs. Já perdi meu trabalho", completou.
O vocalista da banda Violação Anal falou que a queima da Bíblia ocorreu como um protesto em combate ao fundamentalismo extremado, mas não houve a intenção de ofender. "Deixo claro meu respeito por todas as religiões e reconheço o papel fundamental que o cristianismo teve em minha formação. Busquei apenas chamar atenção para os abusos que sofremos diariamente por parte de religiosos extremistas e radicais".
Oliveira escreveu também que, apesar da maneira equivocada, o ato acabou trazendo ao debate o tema da tolerância. Por isso, ele considerou que surtiu efeito. "Nesse sentido, a performance surtiu efeito. Por outro lado, quero pedir desculpas a todos os cristãos não radicais que se sentiram ofendidos, pois, definitivamente, esta não foi a intenção", falou.
Por fim, o músico agradeceu o apoio do padre e disse assumir as consequências da atitude no sarau. "Não acredito que ferir um princípio constitucional de liberdade de crença, pudesse, além de me imputar uma penalidade, fazer surgir uma inquisição. E isto, em pleno século XXI, me deixa assustado e me faz pensar, que meu ato não foi vazio de razão. Assumo as consequências dos meus atos e reconheço que minha crítica poderia ter sido feita de outra forma, menos agressiva", finalizou.
Entenda o caso
Um exemplar da Bíblia foi queimado durante um sarau, no último dia 30 de abril, pelo vocalista de uma das bandas que se apresentaram no evento, a Violação Anal. O evento fazia parte da programação do 4º Encontro Nacional de Ateus, realizado no campus da Ufac, em Rio Branco.
Um exemplar da Bíblia foi queimado durante um sarau, no último dia 30 de abril, pelo vocalista de uma das bandas que se apresentaram no evento, a Violação Anal. O evento fazia parte da programação do 4º Encontro Nacional de Ateus, realizado no campus da Ufac, em Rio Branco.
Após o sarau, a Ufac emitiu notasuspendendo a realização de eventos do tipo. O reitor Minoru Kinpara afirmou que a medida foi tomada, principalmente, devido aos eventos não serem restritos à comunidade acadêmica. "O estado laico não significa que o estado é ateu. É preciso um convivência com respeito e a universidade precisa dar esse exemplo", disse.
O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) repudiou o ato e disse que os envolvidos no ato precisam ser responsabilizados. Falou também que enviou um ofício para a Polícia Civil pedindo uma investigação. "Demostraram uma intolerância religiosa inadmissível nos dias de hoje fomentando ódio entre compatriotas", falou.
O Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC) instaurou inquérito civil para investigar o ato. A portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado, na segunda-feira (11). Segundo o documento, a investigação vai ocorrer "para melhor esclarecimento do fato objeto da investigação e identificação precisa dos autores".
Fonte: G1 acre
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