Um total de 30.341 pessoas privadas de liberdade estão inscritas para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nesta terça (3) e quarta-feira (4) nas unidades prisionais de todo o país. O crescimento é de 28,13% em relação a 2012. No ano passado, 23.665 candidatos privados de liberdade fizeram o Enem.
O Enem para os candidatos privados de liberdade será uma prova com questões diferentes das que caíram na edição de outubro na qual participaram mais de 5 milhões de estudantes. Porém, o formato se mantém. No primeiro dia, os candidatos respondem a 45 questões de ciências humanas e mais 45 de ciências da natureza em 4h30. No segundo dia, 45 questões de linguagens e 45 de matemática, mais uma redação, em 5h30. O exame será aplicado nas unidades inscritas.
Além dos presídios, o Enem será aplicados em unidades onde adolescentes cumprem medidas socioeducativas, como a Fundação Casa, em São Paulo. Este ano, a fundação tem 838 adolescentes inscritos para o Enem, sendo que cerca de 200 estão no terceiro ano do ensino médio. A maior parte dos inscritos (531) fará o Enem para obter a certificação do ensino médio
"Com o Enem vejo uma possibilidade de ganhar uma bolsa para a faculdade e uma chance de mudar de vida", diz o interno. Assim como os demais candidatos, os adolescentes da Fundação Casa também enxergam no Enem uma oportunidade de ingressar no ensino superior e ter uma profissão.
Em Rondônia, Anderson Alves, de 32 anos, que cumpre pena no Centro de Ressocialização Cone Sul, em Vilhena, fará a prova pela segunda vez. Ele deseja fazer um curso na área de ciências exatas. “No ano passado quase me classifiquei em agronomia, no Instituto Federal de Rondônia (Ifro), em Colorado do Oeste (RO)”, relembra. Segundo Anderson, sua melhor nota no Enem 2012 foi a da redação e língua portuguesa. Mas se não conseguir uma classificação na área de exatas, o que ele deseja mesmo é fazer um curso de nível superior.
No Rio Grande do Norte, preso após tentarmatar a própria mulher, Sílvio da Silva, de 45 anos, quer esquecer o passado e recomeçar. "Foi um um momento de raiva. Por causa de 5 ou 10 minutos da minha vida estou nessa situação", afirma.
Mesmo ainda indeciso sobre qual curso escolher, Sílvio vê no Enem a chance de adquirir conhecimento para buscar uma nova vida. "O que puder fazer para melhorar meu aprendizado eu farei", conta o presidiário, que espera estar no regime semi-aberto em dezembro para reencontrar os seis filhos. "O maior castigo da prisão é a ausência da família", diz.
Em Goiás, condenado a 18 anos de detenção por uma série de roubos, Airam Gonçalves da Mota, de 28 anos, vai fazer o Enem prisional pela primeira vez. Ele já cumpriu três anos da pena e sonha conseguir pontuação para cursar a disciplina de segurança da informação. "É uma oportunidade muito grande, uma porta para outras possibilidades. Além disso, estudar abre a mente, nos faz pensar além do mundo em que a gente vive. Podemos refletir sobre uma forma de ressocializar outra vez", diz. Ele afirma que lê bastante e se considera pronto para fazer a prova.
Airam trabalha como faxineiro voluntário na cadeia. É casado e tem dois filhos, de 11 e 7 anos. É da família que ele recebe o incentivo para continuar estudando e se sair bem no Enem. O preso também elogia os profissionais que o ajudam. "As aulas são diferentes e os professores muito dedicados. Fazem a gente mudar o modo de pensar", afirma
No Piauí, 189 presos foram inscritos para fazer as provas, um aumento de mais de 400% em relação ao ano passado. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, os detentos das penitenciárias Irmão Guido e Major César Oliveira, se preparam para o Enem através do Programa de Mediação Tecnológica Mais Saber, criado pelo governo do estado e implantado em 300 polos espalhados em 156 municípios.
No Amazonas, ao todo 340 detentos estão inscritos para o Enem. De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejus), o número é quase o dobro da quantia de inscritos em 2012 (223) e se aproxima do triplo dos de 2011 (140).
Além de Manaus, as unidades prisionais de Coari, Humaitá, Itacoatiara, Manacapuru, Parintins, Tabatinga e Tefé tiveram presos inscritos e receberão o exame. Ainda segundo a Sejus, ao todo, serão 16 coordenadores, 21 chefes de sala, 21 aplicadores, totalizando o envolvimento de 58 pessoas envolvidas no processo.
FONTE.G1
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